Você já imaginou se o seu cachorro pudesse viver mais e melhor, sem sofrer com as doenças típicas da velhice?
Essa é a promessa da rapamicina, uma droga que está sendo testada como a primeira capaz de retardar o envelhecimento de cães e aumentar a sua longevidade e qualidade de vida.
Mas o que é a rapamicina, como ela funciona e quais são os seus benefícios e riscos?
Neste artigo, vamos responder essas e outras perguntas sobre essa novidade que pode revolucionar a saúde dos pets.
O que é a rapamicina?
A rapamicina é uma substância que foi descoberta na década de 1970 em uma bactéria encontrada na Ilha de Páscoa, no Chile.
Ela recebeu esse nome em homenagem à ilha, que em língua nativa se chama Rapa Nui.
A rapamicina tem sido usada na medicina humana para prevenir a rejeição de órgãos transplantados, pois ela é capaz de inibir o sistema imunológico.
Além disso, ela também tem efeitos anticâncer, antifúngicos e antibacterianos.
Mas o que a rapamicina tem a ver com o envelhecimento?
A resposta está em uma via molecular chamada mTOR, que é responsável por regular o crescimento, o metabolismo e a sobrevivência das células.
A rapamicina é um inibidor da mTOR, ou seja, ela bloqueia a sua ação.
Isso faz com que as células entrem em um estado de "repouso", reduzindo o seu consumo de energia e o seu desgaste.
Dessa forma, a rapamicina pode proteger as células dos danos causados pelo estresse oxidativo, pela inflamação e pelo acúmulo de resíduos, que são fatores que contribuem para o envelhecimento.
Como a rapamicina pode beneficiar os cães?
Estudos realizados em animais como ratos, moscas e vermes mostraram que a rapamicina pode aumentar a expectativa de vida em até 30%.
Mas será que o mesmo efeito se aplica aos cães?
Para responder essa questão, um grupo de pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, iniciou em 2015 um projeto chamado Dog Aging Project, que tem como objetivo avaliar o impacto da rapamicina na saúde e na longevidade dos cães.
O projeto envolve dois tipos de estudos: um observacional, que acompanha mais de 10 mil cães de diferentes raças, idades e tamanhos, e um intervencional, que testa a rapamicina em cerca de 500 cães idosos.
O estudo observacional visa identificar os fatores genéticos, ambientais e comportamentais que influenciam o envelhecimento dos cães, enquanto o estudo intervencional visa verificar se a rapamicina pode retardar o envelhecimento e prevenir ou tratar doenças relacionadas à idade, como câncer, artrite, demência e insuficiência cardíaca.
Os resultados preliminares do estudo intervencional são animadores.
Os cães que receberam rapamicina por 10 semanas apresentaram uma melhora na função cardíaca, sem efeitos colaterais significativos.
Além disso, os cães que receberam rapamicina por um ano mostraram uma melhora na cognição, na mobilidade e na vitalidade, em comparação com os cães que receberam um placebo.
Os pesquisadores estimam que a rapamicina pode aumentar a vida dos cães em cerca de 2 a 3 anos, o que representa um ganho proporcional de 16% a 24%.
Quais são os riscos da rapamicina?
Apesar dos benefícios potenciais, a rapamicina também pode apresentar alguns riscos, principalmente se usada em doses altas ou por longos períodos.
Como a rapamicina é um imunossupressor, ela pode aumentar o risco de infecções e de doenças autoimunes.
Além disso, ela pode causar efeitos colaterais como diarreia, perda de apetite, perda de peso, anemia, alterações na glicose e no colesterol, e feridas na boca.
Por isso, a rapamicina deve ser usada com cautela e sob supervisão veterinária, seguindo as recomendações de dose e de duração do tratamento.
Além disso, a rapamicina não deve ser usada em cães que tenham alguma doença infecciosa, inflamatória ou imunológica, ou que estejam tomando outros medicamentos que possam interagir com ela.
A rapamicina também não é indicada para cães gestantes, lactantes ou que tenham menos de 6 anos de idade.
Conclusão
A rapamicina é uma droga que pode desacelerar o envelhecimento de cães e aumentar a sua longevidade e qualidade de vida.
Ela atua inibindo a via mTOR, que regula o metabolismo celular, e protegendo as células dos danos causados pelo envelhecimento.
Estudos realizados nos Estados Unidos mostraram que a rapamicina pode melhorar a função cardíaca, a cognição, a mobilidade e a vitalidade dos cães idosos, sem efeitos colaterais significativos.
No entanto, a rapamicina ainda precisa de mais pesquisas para comprovar a sua segurança e eficácia em longo prazo, e para definir as doses e as indicações adequadas para cada caso.
Por isso, a rapamicina deve ser usada com cautela e sob supervisão veterinária, e não deve ser vista como uma solução milagrosa para o envelhecimento canino.
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